quarta-feira, 10 de junho de 2009

Leitura de Fruição...



O ato de ler consiste em uma atividade de deleite e fruição, a qual leva a um prazer brutal, imediato (sem mediação), precoce (BARTHES, 1977:30). Tudo é arrebatado numa só vez, tudo é jogado, tudo é fruído na primeira vista.

(BARTHES,1977:69). Assim, não confundir prazer com fruição, pois, de acordo Barthes (1977:30-1), se entendo que o prazer e a fruição são forças paralelas, acredito que a oposição entre texto de prazer e texto de fruição está no fato de que este é in-dizível, intransitivo, enquanto o outro é dizível. Ou seja, o prazer é mais fácil, é obtido de forma mais imediata, sem esforço; a fruição, no entanto, decorre do embate, da luta, do esforço de ler. Daí, a fruição dar um prazer mais intenso. Nesse sentido, intui-se que a fruição transcende o prazer.

O que é observado nos depoimentos de Simone Beauvoir, quando se deleitava ao observar a cena de leitura, em casa, junto ao pai, à mãe e à irmã. Também Sartre, no momento em que toma o livro nas mãos e se refugia num cantinho do sótão e de lá sai, apenas, quando aprende a ler. Imagine o gozo que obteve ao descobrir-se leitor! Jorge Amado foi arrebatado ao ouvir as declamações apaixonadas feitas pelo professor de Literatura. A fruição levou-o a produzir textos belíssimos!

Da mesma forma um leitor é tomado quando se entrega ao texto, e pode assim ser encaminhado através de Rubem Alves, Lya Luft, Daniel Pennac ou Bartolomeu Campos Queirós, que também são conduzidos à fruição à medida que constroem textos maravilhosos!

Diante do exposto, esse trabalho, então, permite pensar sobre o quão importante é a prática de leitura para a formação do ser humano, assim como apontar para o fato de que o gosto pela leitura não é intrínseco ao homem, mas pode ser cultivado à medida que o sujeito se constrói como leitor.

Portanto, o ato de ler não se baseia em devorar bibliografias, mas em ler continuamente e com seriedade os livros que os interessem; desfrutar desse prazer, permitir-se às carícias, ao toque. Sucumbir como o sultão, ante à delícia das palavras... Pois, já diz Rubem Alves (2001: Correio popular, Caderno C): Ler é fazer amor com as palavras. RETIRADO : QDIVERTIDO.COM.BR


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